O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo e sem cura, que atualmente atinge cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo. Estimativas indicam que até 2050 esse número triplicará (Thies e Bleiler, 2013).
Aparentemente, o maior fator de risco para o desenvolvimento do Alzheimer é algo inevitável, o envelhecimento. Ou seja, quanto mais velho, maior a chance de desenvolver o Alzheimer. Além disso, se você é mulher, a probabilidade aumenta ainda mais.
Acabo de ler duas pesquisas publicadas sobre o assunto na revista Neurobiology of Aging. Em uma delas, desenvolvida por Vidal et al. (2016), os pesquisadores observaram que a redução na capacidade em manter a temperatura corporal poderia aumentar a chance do desenvolvimento do Alzheimer. Um grande problema é que com o envelhecimento, muitos de nós, humanos, temos nossa capacidade de controlar a temperatura corporal reduzida, causando uma drástica diminuição da temperatura do corpo. Na pesquisa, ao induzir uma hipotermia em ratos, o cérebro deles produziu mais metabólitos considerados responsáveis pelo Alzheimer. Esses resultados foram ainda mais pronunciados em fêmeas.
Em uma outra publicação, na mesma revista, Zhao et al. (2016) observaram que existem alterações na produção de metabólitos no cérebro durante o envelhecimento e que essas alterações são distintas de machos para fêmeas. Os autores descrevem que no cérebro das fêmeas as alterações na produção de metabólitos ocorrem nelas ainda jovens e com maior significância. Nos machos, as mesmas alterações ocorrem em idades mais avançadas, mas, por alguma razão, são automaticamente reguladas pelo corpo evitando grandes desproporções.
Claro, claro.. Não podemos extrapolar os resultados obtidos para humanos, muito ainda precisa ser pesquisado, mas estas são pistas para desvendar as causas e possíveis tratamentos do Alzheimer. Algumas questões ficam no ar: Será que habitar regiões com temperaturas mais elevadas poderia diminuir a velocidade de evolução ou até mesmo evitar o surgimento do Alzheimer? A utilização de ar-condicionado por idosos poderia acelerar o desenvolvimento do Alzheimer?
Acredito que logo saberemos.
Até o próximo :)
Thies, W., Bleiler, L. 2013 Alzheimer’s disease facts and figures. Alzheimers Dement. 9, 208e245 (2013).
Vandal, M. et al. Impaired thermoregulation and beneficial effects of thermoneutrality in the 3xTg-AD model of Alzheimer’s disease (AD). Neurobiology of Aging (2016).
Zhao, L., Mao, Z., Woody, S. K. & Brinton, R. D. Sex differences in metabolic aging of the brain: insights into female susceptibility to Alzheimer’s disease. Neurobiology of Aging 42, 69–79 (2016).
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