quarta-feira, 27 de abril de 2016

Editando memórias

Algumas pessoas esquecem o final do poderoso chefão e tem que assistir os três filmes novamente pra lembrar de toda a história. Outras, sem se dar conta, costumam editar suas memórias – fazendo um Crtl x em vários pontos, sem Ctrl v - o que faz com que vários momentos da vida fiquem em um limbo e raras vezes há formas de recuperá-las. Mas quando acontece é de fritar a cabeça. Déjà vu? Sonhei? Não lembro! Já vivi isso! Já sei o que vai acontecer na próxima cena! Ou o sentimento súbito e terrível de quando você se dá conta que realmente já fez o que você está prestes a fazer e pensava que era a primeira vez que faria (What?!). A memória é traiçoeira e ainda pouco entendida, mas se depender da ciência o “brilho eterno de uma mente sem lembranças” não será mais ficção logo logo.
Jim Carrey em Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças. 
Quando pensamos em algo, recolhemos a informação desejada no nosso cérebro e a projetamos abstratamente para que possamos “ver” a memória. Mas como isso ocorre? Memória são conexões de neurônios. Edite essas conexões e você então poderá editar uma memória! Você já deve ter feito isso quando bebeu/fumou e esqueceu de vários momentos da noite anterior, ou quando bebeu e ficou surdo, ou quando toma xícaras de café pra aguentar a trabalhar por mais tempo (se você toma no Brasil, vc é um sortudo, visto a qualidade do café/água Brasil afora). Tudo isso mexe com as conexões neuronais. Mas alguns neurocientistas de 20 e poucos anos foram um pouco mais além.
Consegue lembrar do seu/ da sua ex-? Bom, pra recuperar essa lembrança, células específicas do seu cérebro estão sendo ativadas e formam um determinado padrão de ativação. Esse padrão é formado por ligações de neurônios e será recriado toda vez que preciso para reativar essa memória. Vamos a um experimento científico revolucionário, apresentado também por meio de TEDtalk: Ramirez e Liu coloram um rato dentro de uma caixa “A” de acrílico com partes de metal e deram alguns choques elétricos no animal – criando assim uma memória de medo daquela caixa. Utilizando técnicas de optogenética eles conseguiram identificar regiões específicas do cérebro do roedor relacionadas àquela memória de medo. Em seguida transferiram o rato para uma outra caixa “B” que não possuía alguma ameaça ao pequeno Splinter.  Mas utilizando um laser para ativar aquela mesma região, anteriormente identificada, fizeram com que o rato relembrasse daquela memória específica e demostrasse a mesma reação de pavor apresentado no primeiro momento.
Optogenética - Analogia entre como identificar células trabalhando e pessoas acordando em um prédio. 

            Utilizando luz (laser), estes cientistas pela primeira vez na história puderam “tocar” numa memória específica e traze-la para o painel de controle provocando no rato a reação de medo esperada. E agora? Já que podemos re-ativar uma memória, será que podemos mexer um pouco naquela região e então modificá-la? Deletá-la?  Manipulá-la? E, pra que serviria tudo isso? Quem iria querer editar uma memória?
              Editando Memórias - Parte 2 

Recomendações:





sábado, 23 de abril de 2016

Evite Alzheimer, mude para a praia!


O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo e sem cura, que atualmente atinge cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo. Estimativas indicam que até 2050 esse número triplicará (Thies e Bleiler, 2013).

Aparentemente, o maior fator de risco para o desenvolvimento do Alzheimer é algo inevitável, o envelhecimento. Ou seja, quanto mais velho, maior a chance de desenvolver o Alzheimer. Além disso, se você é mulher, a probabilidade aumenta ainda mais. 

Acabo de ler duas pesquisas publicadas sobre o assunto na revista Neurobiology of Aging. Em uma delas, desenvolvida por Vidal et al. (2016), os pesquisadores observaram que a redução na capacidade em manter a temperatura corporal poderia aumentar a chance do desenvolvimento do Alzheimer. Um grande problema é que com o envelhecimento, muitos de nós, humanos, temos nossa capacidade de controlar a temperatura corporal reduzida, causando uma drástica diminuição da temperatura do corpo. Na pesquisa, ao induzir uma hipotermia em ratos, o cérebro deles produziu mais metabólitos considerados responsáveis pelo Alzheimer. Esses resultados foram ainda mais pronunciados em fêmeas.

Em uma outra publicação, na mesma revista, Zhao et al. (2016) observaram que existem alterações na produção de metabólitos no cérebro durante o envelhecimento e que essas alterações são distintas de machos para fêmeas. Os autores descrevem que no cérebro das fêmeas as alterações na produção de metabólitos ocorrem nelas ainda jovens e com maior significância. Nos machos, as mesmas alterações ocorrem em idades mais avançadas, mas, por alguma razão, são automaticamente reguladas pelo corpo evitando grandes desproporções.

Claro, claro.. Não podemos extrapolar os resultados obtidos para humanos, muito ainda precisa ser pesquisado, mas estas são pistas para desvendar as causas e possíveis tratamentos do Alzheimer. Algumas questões ficam no ar: Será que habitar regiões com temperaturas mais elevadas poderia diminuir a velocidade de evolução ou até mesmo evitar o surgimento do Alzheimer? A utilização de ar-condicionado por idosos poderia acelerar o desenvolvimento do Alzheimer? 

Acredito que logo saberemos.

Até o próximo :)


Thies, W., Bleiler, L. 2013 Alzheimer’s disease facts and figures. Alzheimers Dement. 9,   208e245 (2013).
Vandal, M. et al. Impaired thermoregulation and beneficial effects of thermoneutrality in the 3xTg-AD model of Alzheimer’s disease (AD). Neurobiology of Aging (2016).
Zhao, L., Mao, Z., Woody, S. K. & Brinton, R. D. Sex differences in metabolic aging of the brain: insights into female susceptibility to Alzheimer’s disease. Neurobiology of Aging 42, 69–79 (2016).





sexta-feira, 22 de abril de 2016

Doutorado na França


O centro de pesquisa do Instituto Paul Bocuse, na França, está ofertando a possibilidade de fazer doutorado sobre os problemas sensoriais e de desnutrição ligados à quimioterapia. O doutorando, ainda, estudará na Universidade Lyon 1. Legal, não?

O objetivo da pesquisa é de melhor compreender os impactos da quimioterapia na percepção sensorial e nos hábitos alimentares. 

O estudante que deseja se apresentar para essa vaga deve ter mestrado em Neurociência sensorial ou em Engenharia agro-alimentar além de experiência em pesquisa e conhecimentos de estatística.

Inglês é obrigatório.

Salário anual de 24.600 euros por ano e duração de 3 anos. As audições serão entre maio e junho de 2016. 

Maiores informações no site: http://recherche.institutpaulbocuse.com

Ou pegar o edital diretamente pelo link: Proposta de Doutorado no Instituto Paul Bocuse

domingo, 17 de abril de 2016

Quais emojis e emoticons melhor descrevem sua afeição a um alimento?

O texto dessa semana é um pouco diferente. A revista Food Quality and Preference publicou há pouco tempo uma pesquisa muito interessante relacionando a frequência de uso de emoticons e emojis em tweets sobre consumo de alimentos.

Para os mais leigos, como eu mesmo, clique no link para ir ao site do techtudo.com.br e saber a diferença entre emoticons e emojis.

Vidal et al. (2016) analisaram tweets contendo as palavras chaves: breakfast (café da manhã), lunch (almoço),  dinner (jantar), e snack (lanche). Sendo analisados entre 16.285 e 20.490 para cada uma dessas palavras. Para isso, utilizaram o R software da R Core Team (2013). Fizeram ainda uma filtragem para eliminar os re-tweets, chegando a algo entre 11.016 e 13.045 tweets para cada refeição. 

Nessa pesquisa, Vidal et al. (2016) fazem diversas analises e, claramente, muito mais pode ser explorado. Contudo, em uma síntese do observado por eles, emoticons são mais frequentes que emojis para expressar sentimento sobre uma determinada refeição. Outro ponto interessante é que menos de 1 % dos tweets mesclaram emoticons com emojis. Além disso, existe uma tendência a utilizar apenas 1 emoticons ou emoji nesses casos. 

Entre os 10 emojis mais utilizados para demonstrar emoção com determinada refeição, 9 têm características positivas e apenas uma não positiva. Dentre os emoticons, "carinhas" felizes, como :), :D,   :-) e :3 são quase 6 vezes mais recorrentes que caras tristes, como :(, :-( e :c.

Acredito que muito ainda possa ser estudado a partir dos dados obtidos. Esperava ver algo relacionando alimentos específicos aos emojis ou emoticons. Mas fica a dica de outra leitura, principalmente para as pessoas que têm grande interesse em psicologia do consumo e da relação de afetividade entre as pessoas e os alimentos.

Até o próximo :) 


Vidal, L., Ares, G. & Jaeger, S. R. Use of emoticon and emoji in tweets for food-related emotional expression. Food Quality and Preference 49, 119–128 (2016).

R Core Team (2013). R: A language and environment for statistical computing. Vienna, Austria: R Foundation for Statistical Computing.



Bolsas para estrangeiros na Universidade Laval

História da Universidade Laval

A Universidade Laval (ULaval), em Quebec, é a primeira universidade francófona criada na América. Em 1663, o primeiro bispo da colônia, Monsenhor François de Montmorency-Laval, funda o Seminário de Quebec que é o primeiro estabelecimento de ensino da Nova França ("Nouvelle-France"). Quase 200 anos mais tarde, em 1852, esse estabelecimento de ensino funda a Universidade Laval, sendo fonte de todo ensinamento superior em língua francesa das Américas na época.

A história da Universidade Laval está intimamente relacionada à da província, ou estado, de Quebec. Este estabelecimento de ensino superior, desde sua formação, forma a elite intelectual francófona de Quebec e, ainda hoje, é considerada como principal porta-estandarte da conservação do francês na América

Se você se interessou pela história da ULaval, entre no site da Universidade e conheça mais:

Bolsas para estrangeiros

A ULaval tem diversas bolsas de ensino para estrangeiros, desde a graduação até o pós-doutorado. Acessem o site de bolsas da Universidade para maiores informações:


Para estudar na ULaval, saber francês é indispensável, mas o nível mínimo varia de um curso para outro.

O ano letivo na ULaval começa em setembro, com 3 sessões de 4 meses. E, normalmente, a sessão de verão, entre maio e agosto, é férias. 

Até o próximo :)